segunda-feira, 7 de maio de 2007

O Diabo Tranquilo


"O Diabo Tranquilo", de Isabel Rio Novo e Daniel Maia-Pinto Rodrigues (2004)
Editora: Campo das Letras

"Chegados à curva, o pai parou por instantes, suspendendo o deslizar do carro pela estrada molhada. Dali viam-se casas, pinheiros, montes, e mais adiante o mar, como se fosse uma varanda sobre o mundo."

O que Isabel Rio Novo e Daniel Maia-Pinto Rodrigues nos propõem, em quatro narrativas muito cativantes e sugestivamente elípticas, é da ordem de uma trabalhada banalidade. Se há um diabo nestas páginas, ele tem razões para ficar tranquilo. Tranquilo como o predador que aposta na quase imobilidade, a fim de não espantar a caça. Quer-se dizer: disseminado na paisagem, no pan-demónio. Tranquilo porque disfarçado, confundido com a inocência de uma infância primaveril recuperada, uma adolescência estival, uma maturidade em férias de neve, uma velhice invernosa que assinaria de bom grado um pacto para regressar ao início.

ISABEL RIO NOVO nasceu no Porto em 1972. É Mestre em História da Cultura Portuguesa e Doutora em Literarura Comparada, pela Faculdade de Letras do Porto e docente no Instituto Superior da Maia e membro do Centro de Estudos de Língua, Comunicação e Cultura do ISMAI. É autora de ensaios críticos e obras académicas e colabora com textos literários em diversos jornais e revistas.